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Rota Arte Nova

Sendo a Covilhã um dos principais pólos industriais do País, possuiu desde sempre uma burguesia que com facilidade aderia aos novos gostos vindos do exterior. Será por isso de admitir que muitas casas possuíssem nos seus recheios objetos e mobiliário Arte Nova.

De resto muitas marcenarias locais fabricaram, durante mais de meio século, móveis com apontamentos Arte Nova. Louceiros e cómodas, ainda que eclécticos na forma, mostram através dos grandes girassóis e folhagens talhadas sobretudo nos ângulos de portas e gavetas, a influência deste novo estilo.

Já no que diz respeito às construções, à semelhança do que acontecia pelo resto do País, as manifestações Arte Nova resumem-se a apontamentos que se encontram nas molduras dos vãos, estes quase sempre ovalados formando bíforas ou tríforas, às decorações azulejares às grades em ferro das varandas, portões e bandeiras.

Se edifícios como o  Palacete Jardim, o Club União, o Colégio Moderno,  a Agência do Banco Comercial Português, na Covilhã ou a Empresa Transformadora de Lãs são maioritariamente representativos da Arte Nova, existem, espalhados pela Covilhã, breves apontamentos que não devem ser descurados. É o caso das inúmeras grades em ferro nas sacadas de muitas construções, de cachorros que se distribuem um pouco por toda a cidade, vitrais que ornam variadíssimas janelas e interiores de residências.

Será no “Colégio das Freiras”, na Rua Marquês d’Ávila e Bolama que se encontram os mais antigos apontamentos que remetem para uma nova estética. Não podendo ainda afirmar-se como Arte Nova marcaram uma nova concepção  decorativa expressa, designadamente na sinuosidade da linha curva formando motivos geometrizados  nas bandeiras das portas-janelas que abrem para os balcões ou no uso dos elementos cerâmicos que formam a original platibanda. Também a grandiosidade dos dois vãos de volta plena destinados a valorizar, pela iluminação, determinadas dependências vêm marcar mais uma ruptura com o passado. Saliente-se que este edifício terá sido construído, ainda em finais do séc. XIX ou primeiros anos do século seguinte, pelo Comendador Campos Melo.

O higienismo marcou uma época, os materiais e as soluções arquitetónicas que possibilitavam uma maior salubridade. O interesse por materiais que facilitem a limpeza e permitam maior durabilidade tornou-se frequente. Elementos como azulejo, o mosaico cerâmico e o ladrilho tornaram-se cada vez mais apetecíveis. Curiosamente se o azulejo se implantou na Covilhã já o ladrilho foi usado para revestir grande número de edifícios. A estes acrescentava-se o vidro, de preferência colorido ou martelado, possibilitando a entrada de luz e a criação de ambientes. As marquises possibilitavam de forma diferente a utilização de um espaço exterior que se tornava íntimo. As marcas desta mudança da arquitetura estão bem disseminadas pela cidade e neste sentido pode afirmar-se que se um primeiro Modernismo designado de Arte Nova não teve grande implantação na cidade no que toca à decoração, teve-o no que respeita aos elementos estruturais.