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Armazenados

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Data / Hora
25/09/2020
21:30

Localização
Auditório do Teatro das Beiras

Categorias


FESTIVAL DE TEATRO DA COVILHÃ 2020 – Teatro das Beiras

TEATRO ART’IMAGEM

Armazenados – David Desola

Num armazém vazio de mercadoria, nada é mais legítimo do que pensar-se que o stock são os próprios empregados; neste caso, o Senhor Lino e o Nin. E, se os empregados são relegados à condição de mercadoria, estamos perante uma perversão evidente: sobre eles passa a imperar as leis de mercado em vez das leis laborais, criadas com o intuito de lhes assegurar a tal dignidade, entretanto abdicada em prol de uma soldada, supostamente atribuída em paga dos seus préstimos. Este texto, apesar de uma aparente singeleza, coloca-nos perante algumas questões essenciais, quer por sugestão, quer por identificação. Questões essas que versam fundamentalmente acerca da dignidade humana. Ficamos perante um impasse, que pode ao mesmo tempo ser de ordem puramente filosófica, como um pouco mais determinista e pragmática: Será mesmo que o trabalho dignifica o Homem? Se o livre arbítrio, como diz Deleuze, tem mais a ver com a capacidade de criar do que com questões ligadas à alma e a espiritualidade, ao Senhor Lino e ao Nin, a forma de se organizar socialmente deste tempo retirou-lhes essa possibilidade, o que nos inquieta enquanto criadores crentes numa arte que coloca questões em permanência no sentido de nos aproximar o mais perto possível da resposta às perguntas fundamentais: O que é um Homem? Ou então: o que é ser Homem? O texto põe em cena duas gerações distintas, duas conceções diametralmente opostas do mundo. Contudo, entre presente (Nin) e passado (Senhor Lino), há algo de comum: a certeza de que tudo será como sempre foi; que a seguir à luz segue a escuridão, ou vice-versa, tanto faz. Todo o espectáculo será balizado por uma lógica do vazio; porque é dentro dessa lógica que decorre toda acção da peça: um amplo espaço vazio; o logro de um ofício que não existe; a relação entre dois desconhecidos. A peça é também uma abordagem do tempo: o tempo de uma jornada; de uma vida; o tempo da incerteza; mas também o tempo do tempo que se gasta e se esgota impiedosamente.

Ficha técnica

Texto: David Desola | Tradução: Afonso Becerra e Diana Vasconcelos | Encenação: Flávio Hamilton | Interpretação: Pedro Carvalho e Jimmy Nunez | Iluminação e Sonoplastia: Eduardo Abdala | Espaço Cénico: Eduardo Abdala e Flávio Hamilton | Design Gráfico: André Rabaça | Operação de Luz: José Lopes | Operação Som: Flávio Hamilton | Direcção Artística do Teatro Art’Imagem: José Leitão | Produção: Sofia Leal e Daniela Pêgoteatro

Teatro (espetáculo bilingue)| 60 min. | maiores 12 anos

Lotação limitada a 45 espetadores. Reserva obrigatória.

Reservas pra o 725 336 163 / 963 055 909